PARA ONDE VAMOS ? - AUTOSPORT
Há uns dias atrás dei uma olhadela a um destes “Track Days” que o Autódromo do Estoril tem vindo a promover.
Se sempre achei que Portugal era e é um País de entusiastas do desporto motorizado, mais fiquei convicto quando vi a quantidade de interessados em dar umas voltas num circuito de competição, mesmo que com o seu carro do dia à dia.
É bom voltar a ver o abrir de portas de um dos mais belos circuitos internacionais, a este público tão específico.
Estes “Pilotos de Fim de Semana”, note-se que não o digo num sentido depreciativo (longe disso mesmo), têm por certo muito para dar e o seu contributo para com o Automobilismo Nacional é decididamente importante.
Não é que tenhamos novos pilotos amanhã, mas acima de tudo continuamos a cultivar o gosto pela “Velocidade” e o interesse, único, pelo que um circuito pode oferecer....

Como aparte, gostava de alertar para o facto de também neste tipo de acções o factor “Risco” estar presente por conseguinte achar muito, mas muito importante, uma análise sobre todas as questões de segurança para quem está presente: Activo ou Passivo..... As Boxes e PitLane são sem dúvida o maior problema!
Voltando ao tema inicial acredito plenamente no futuro do Desporto Motorizado em Portugal:
Temos, sem dúvida, o que de mais importante se exige para o sucesso de uma modalidade: Paixão...
Julgo, no entanto, que o grande problema com que nos debatemos poderá ser precisamente esse. A dita Paixão está, aos poucos, a matar o nosso desporto. Ponto antagónico, parece, mas não!
Penso que com tanto “Coração” que pomos neste nosso desporto nos esquecemos da outra metade fundamental: A Razão!

É um pouco como no final de um jogo de futebol: Quando uma equipa necessita de ganhar e a 5 minutos do fim perde por 1-0, joga normalmente com o coração e não com a cabeça... o resultado é, quase sempre, devastador!!!!
Bem, mas voltemos aos Automóveis pois de Futebol já se fala o suficiente.
Como referia, acredito que o nosso principal problema é o de não termos, ainda, uma estratégia futura para o Automobilismo Nacional.
Neste tipo de questões é sempre fácil apontar o dedo ao vizinho e tirar o “Mea Culpa” que possa existir. Mas a verdade é que todos nós somos responsáveis pela situação que o nosso desporto vive actualmente. E quando digo todos nós, refiro-me à pirâmide que começa no Pilotos e termina na Federação.
Urge, quanto a mim, mudar a mentalidade com que o automobilismo está neste momento a ser tratado.

Os Pilotos

Profissionalismo. Sem dúvida uma das palavras mais usadas no vocabulário de quem anda nestas aventuras, em Portugal.
Mas o que é Profissionalismo? É viver de, ou é ter uma atitude profissional?
Acho que esta confusão deverá ser rapidamente anulada.
Já o afirmei várias vezes, mas nunca é demais, que existe muito profissional sem a atitude que o próprio nome deveria exigir. Atitude... Atitude..... Atitude..... A forma como se encaram os problemas fará com que possa dizer-se que existe profissionalismo nas “Corridas” em Portugal.
Só depois disso poderemos ser verdadeiros “Profissionais”!

A Federação

Tal como os pilotos, também a federação deverá mostrar o caminho que quer seguir.
Uma Federação “pesada”, mas com um Automobilismo “leve” ou, por outro lado, uma Federação “leve”, mas com um Automobilismo de “peso”.... Eu, por mim escolho a segunda.
Não quero com esta frase feita, deixar de expressar o que penso sobre a atitude da nossa Federação.
A FPAK deverá ser para todos os praticantes como que uma “Mãe”.... um chefe de família que nos aconselha ou mesmo repreende, mas também que nos ouve....
Penso que, também aqui, terá que existir uma evolução na conduta da nossa Federação.
Maior profissionalismo ou maior rigor, não significa estar fechada sobre si mesma.
Uma maior abertura à comunidade automobilística: Pilotos, Equipas, Organizadores ou Promotores, em nada desprestigiaria a nossa entidade máxima.

O Futuro

Quando todos estes pontos “tocarem” em consonância, então teremos a “Razão” ao nível da “Paixão”...
Teremos garantidamente um Desporto Motorizado que faça frente às grandes potências Europeias.
A ver vamos.....

Quinta-Feira, 13 de Março de 2003