PROMOÇÃO - AUTOSPORT
Nos últimos anos muito se tem falado da promoção ou divulgação do Desporto Automóvel em Portugal.
É visível um cada vez maior número de inserções nos “Media”, suportados por um grande empenho dos seus protagonistas em mostrar “ao mundo” como apostar no Desporto Automóvel ... “Vale realmente a pena”.
Todos nós sabemos desta importância e todos nós, também, pretendemos que tal aconteça.
Devemos, apesar de tudo, estar conscientes que a quantidade é inimiga da qualidade.
Poderá parecer um pouco antagónico, mas é precisamente no momento em que todos queremos falar mais e divulgar mais o “nosso” desporto, que devermos reflectir sobre quando e como o fazer.

“OS COMUNICADOS”
Hoje, e graças às novas tecnologias, é fácil chegar a “quase” todos os lugares, é mais fácil informarmos quem queremos informar, mas é também mais fácil que a mensagem passe errada ou seja mal interpretada.
Nos últimos anos houve uma grande corrida ao apoio da Comunicação Social, pois todos sabemos que sem ela não poderíamos passar a nossa “mensagem”. Se é certo (também eu acredito) que esse é o passo mais correcto, certo é também que basta começar a existir a ideia que algumas, poucas, dessas “mensagens” são parcas em conteúdo, para que todo o processo sofra um revés.
Promover uma acção não passa simplesmente pelo envio da notícia. Há que dar conteúdo a essa acção para que ela possa realmente transformar-se em notícia.

“OS RETORNOS”
Quando à cerca de doze anos comecei a trabalhar com a “MEMORANDUM”, empresa de controlo e análise de informação, sabia a importância de uma quantificação rigorosa dos projectos em que estava envolvido.
Afinal, todos os intervenientes no mundo do desporto motorizado acabam, à sua maneira, por ser verdadeiros “agentes publicitários”.
Lembro-me, com alguma graça, que no início da minha carreira profissional era colectado fiscalmente como:
Angariador de Publicidade!!!

E se formos ver bem, é algo que é uma realidade.

Todos nós, enquanto pilotos ou promotores de eventos, vivemos das ligações comerciais e da divulgação de um referido “produto”.
E é precisamente aqui, quando todos estes factores começam a estar em jogo (Promoção / Acção) que os problemas podem começar a surgir.

Cada vez mais, a gestão do desporto automóvel em Portugal deve ser encarada como se de uma empresa se tratasse.
E como num projecto para se atingir o sucesso não podemos dar lugar simplesmente ao “Part Time”, temos de uma vez por todas fechar o circuito e profissionalizar áreas chave da nossa modalidade.
Somente assim atingiremos os nossos propósitos, os de termos um Desporto Autómovel forte e seguro.
E digo isto, porque, somente profissionalizando se podem incutir as responsabilidades. Somente profissionalizando podemos fazer com que quem está na acção saiba o que realmente está a fazer.

O patrocinador que investe quer estar associado a profissionais e se não se sentir contente tem por certo uma “panóplia” enorme de novas áreas para canalizar os seu investimentos.
É por essa razão que devemos saber muito bem aquilo que estamos a fazer, sob pena de atingirmos o “PONTO ZERO”, que é o de simplesmente não existir quem queira apoiar o desporto automóvel.

“A CONCORRÊNCIA”
Talvez por esse mesmo facto, o de existir uma cada vez maior corrida aos “sponsors”, esses mesmo fogem da nossas actividades.....
“Como é que é ?”
A concorrência deveria ser salutar entre os vários envolvidos no automobilismo português.
Ao invés, e em vez de nos concentrarmos positivamente nos nossos projectos, acabamos por quase somente estarmos no meio para nos preocuparmos com o que a “concorrência” faz... e quase sempre nós achamos que os outros fazem mal.... É tipicamente nosso!
Podemos acreditar que não, mas o sponsor/investidor, mesmo que não envolvido a fundo nas nossas actividades, percebe muito bem todos estes pontos.
Temos uma cultura que urge alterar radicalmente:
“Não nos preocupamos em fazer melhor que o nosso concorrente, simplesmente tentamos anular as suas qualidades”

E enquanto a nossa filosofia for esta, dificilmente sairemos da “medianisse” em que nos encontramos.

Nunca aquela expressão:
“Deixai bem fortes os meus adversários para que possam assistir às minhas vitórias”

esteve tão bem aplicada ao que de momento se passa no desporto motorizado em Portugal.

Temos, de uma vez por todas, virar as costas a este problema acreditar que só assim poderemos seguir em frente.
Segunda-Feira, 28 de Abril de 2003